Autor: Arquiteto Rafael Miranda
Orientadora: Professora Doutora Cássia Magaldi
As ruínas da igreja de São João Batista são um marco importante para a cidade de Peruíbe, tanto para o turismo quanto para a pesquisa do histórica do desenvolvimento da cidade. As ruínas da igreja levam o nome "Abarebebê", que significa "padre voador", na língua indígena, por causa do padre Leonardo Nunes, figura muito importante que, segundo a lenda, possuía grande habilidade de se locomover a grandes distâncias em um curto espaço de tempo, tão rápido quanto um pássaro em pleno voo. Este morreu no ano de 1554, após um naufrágio e, segundo a lenda, a igreja foi iluminada durante a noite de sua morte por vaga lumes e pirilampos.
1 - Apresentação
A principal intenção deste trabalho é
valorizar o sítio histórico e arqueológico Ruínas do Abarebebê, que é de grande
valor para a história da cidade de Peruíbe e do Brasil. É possível notar a
importância das ruínas para a população de Peruíbe, que consideram o padre
Leonardo Nunes e os jesuítas como heróis para a cidade. Existem algumas lendas
sobre o local. Uma delas é a história que milhares de vaga-lumes e pirilampos
iluminaram as ruínas no dia da morte do padre Leonardo Nunes. Muitos moradores
ficam revoltados com a atual situação das ruínas e cobram dos governantes uma
melhoria imediata do local. Muitas vezes, essa cobrança também é feita através
internet, por blogs de moradores locais e até mesmo sites de jornais
reconhecidos, como por exemplo, essa notícia postada pela Folha de São Paulo no
dia 03/04/2011 as 09h15:
“Foi assim que a
Folha encontrou o lugar na última quinta-feira. Um papel pregado a durex
indicava que o "testemunho da colonização do Brasil" é aberto à
visitação de quarta a domingo, das 11h às 17h. Mas a porta estava fechada e não
havia vigia. O mato chega a um metro de altura e, no meio das ruínas, as pedras
ficam escondidas sob o capim. Trepadeiras, samambaias e até uma caixeta -que
alcança grande porte- saem dos muros”.
Foi
postado no blog Boca de Rua o abandono do governo municipal para o sitio
arqueológico:
“Assim é visto o
ponto turístico, atrás das grades, do lado de fora, que podem apostar, se tivéssemos
governo sério e responsável, ou se fosse em outro local estaria sendo muito bem
preservado, mas como, infelizmente o nosso governo de nada entende de
administração pública, governa como se fosse uma brincadeira de criança”.
Devido a sua importância,
o sítio vem sendo estudado durante aproximadamente três décadas, através de um
convênio realizado entre a prefeitura do município de Peruíbe e o Museu de
Arqueologia e Etnologia da USP. Os estudos e as escavações foram coordenados
pela Dra. Dorath Pinto Uchôa.
Até pouco tempo atrás,
a situação das ruínas da igreja de São João Batista piorava a cada dia, devido à
falta de cuidados das pessoas que as visitavam, falta de monitoria, segurança e
a própria ação do tempo. Atualmente a situação está melhor, a prefeitura criou
um sistema de visitas monitoradas, diminuindo o risco de degradação das ruínas
pelas pessoas. O sítio hoje se encontra fechado e é pedido o valor de um real
(não é obrigatório pagar, o valor é uma contribuição para a manutenção) para a
entrada no sítio arqueológico. O horário de visitação é de quarta a domingo das
11h00min às 17h00min.
Mas mesmo com todas
as melhorias feitas pela prefeitura, o sítio ainda não recebe o devido valor,
ainda existe certo abandono do local e faltam investimentos para a melhoria do
entorno. Os turistas ou qualquer outra pessoa que deseja visitar as ruínas
devem ir durante o dia, porque no fim da tarde a visitação se torna quase
impossível. Falta iluminação no local, no seu entorno, muitas das ruas de
acesso não estão asfaltadas e é um local de poucos moradores. Outros pontos
negativos são os insetos como moscas e pernilongos que existem em abundância no
local. Tudo isso se torna um grande problema não só para as ruínas e para as
pessoas, mas para toda a cidade de Peruíbe, que sobrevive do turismo e possui
poucos lugares de interesse histórico.
2 - Antecedentes Históricos
Existem muitas controvérsias quando o assunto é o descobrimento do Brasil e do continente Americano. Oficialmente, a Terra de Vera Cruz, do Brasil foi descoberta por D. Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500, para o então Rei de Portugal D. Manuel I. Mas existem registros que comprovam a passagem de outros navegadores pelas terras americanas.
“Está provado, porém, que muito antes de 1492, não só as terras da futura América do Norte, mas as do Brasil já eram do conhecimento de navegantes portugueses, tendo se conservado, inexplicavelmente, um profundo mistério sobre a existência de ambas (...) Por outro lado, diz o padre Francisco do Nascimento Silveira, em seu Aparato Corográfico, que antes de Colombo descobrir a América, já haviam descoberto quatro pilotos portugueses: Pedro Correia, Vicente Dias, Afonso Sanches e Martin Vicente. Sobre Afonso Sanches convergem de forma categórica e convincente os depoimentos dos mais antigos e notáveis autores, de tal maneira que não seria demais se lhe conferissem definitivamente os lauréis de verdadeiro descobridor da América”.¹
Existem muitas controvérsias quando o assunto é o descobrimento do Brasil e do continente Americano. Oficialmente, a Terra de Vera Cruz, do Brasil foi descoberta por D. Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500, para o então Rei de Portugal D. Manuel I. Mas existem registros que comprovam a passagem de outros navegadores pelas terras americanas.
“Está provado, porém, que muito antes de 1492, não só as terras da futura América do Norte, mas as do Brasil já eram do conhecimento de navegantes portugueses, tendo se conservado, inexplicavelmente, um profundo mistério sobre a existência de ambas (...) Por outro lado, diz o padre Francisco do Nascimento Silveira, em seu Aparato Corográfico, que antes de Colombo descobrir a América, já haviam descoberto quatro pilotos portugueses: Pedro Correia, Vicente Dias, Afonso Sanches e Martin Vicente. Sobre Afonso Sanches convergem de forma categórica e convincente os depoimentos dos mais antigos e notáveis autores, de tal maneira que não seria demais se lhe conferissem definitivamente os lauréis de verdadeiro descobridor da América”.¹
Entre o período de 1500 e 1530, o governo de Portugal não mostrou grandes
interesses pela ocupação das novas terras, demonstrando ainda um grande
interesse pelo comércio movimentado pelas especiarias encontradas no Oriente.
Esse quadro começou a mudar após a descoberta de uma madeira capaz de prover
uma tinta utilizada para dar coloração carmim aos sofisticados tecidos usados
pela nobreza. Essa madeira era chamada pau-brasil, encontrada em abundância na
mata atlântica. Sua extração começou após um acordo fechado entre o governo de
Portugal e Fernão de Noronha em 1502.
A colonização das terras americanas por Portugal só iria acontecer no ano de 1530, através da expedição de Martim Afonso de Souza, que percorreu grande parte do litoral brasileiro e em 22 de janeiro de 1532, fundou a vila de São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo. A primeira região do Brasil a ser colonizada, por mando de Dom João III, foi à costa meridional, em 1530, as chamadas regiões do Rio da Prata.
Devido à bem sucedida campanha de Martim Afonso, Portugal decide promover a ocupação sistemática do território que lhe cabia na América, nos termos do Tratado de Tordesilhas. Foi introduzido o sistema de capitanias hereditárias.
“o governo adotou o sistema de capitanias hereditárias. Ao todo, eram quinze capitanias hereditárias, concedidas a doze donatários. Martim Afonso recebeu duas capitanias e seu irmão, Pero Lopes de Souza foi agraciado com três. Os poderes do donatário eram amplos. Em seus domínios, ele estava autorizado a fundar vilas, exercer a justiça, criar cargos, nomear funcionários e empregar a mão de obra nativa. A experiência com implantação das capitanias não surtiu os efeitos esperados. Apenas duas delas, a de Pernambuco e a de São Vicente foram bem sucedidas”.²
As capitanias hereditárias não eram novidade e haviam sido usadas como sistema de colonização nas Ilhas da Madeira, Açores, Cabo Verde e São Tomé. Os donatários tinham o direito de escravizar índios, fundar vilas, conceder sesmarias, cobrar tributos, entre outras coisas.
A colonização das terras americanas por Portugal só iria acontecer no ano de 1530, através da expedição de Martim Afonso de Souza, que percorreu grande parte do litoral brasileiro e em 22 de janeiro de 1532, fundou a vila de São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo. A primeira região do Brasil a ser colonizada, por mando de Dom João III, foi à costa meridional, em 1530, as chamadas regiões do Rio da Prata.
Devido à bem sucedida campanha de Martim Afonso, Portugal decide promover a ocupação sistemática do território que lhe cabia na América, nos termos do Tratado de Tordesilhas. Foi introduzido o sistema de capitanias hereditárias.
“o governo adotou o sistema de capitanias hereditárias. Ao todo, eram quinze capitanias hereditárias, concedidas a doze donatários. Martim Afonso recebeu duas capitanias e seu irmão, Pero Lopes de Souza foi agraciado com três. Os poderes do donatário eram amplos. Em seus domínios, ele estava autorizado a fundar vilas, exercer a justiça, criar cargos, nomear funcionários e empregar a mão de obra nativa. A experiência com implantação das capitanias não surtiu os efeitos esperados. Apenas duas delas, a de Pernambuco e a de São Vicente foram bem sucedidas”.²
As capitanias hereditárias não eram novidade e haviam sido usadas como sistema de colonização nas Ilhas da Madeira, Açores, Cabo Verde e São Tomé. Os donatários tinham o direito de escravizar índios, fundar vilas, conceder sesmarias, cobrar tributos, entre outras coisas.
¹
SANTOS, Francisco Martins dos. História de Santos. pg. 03
²
DIVALTE, Garcia. Livro História Geral, 2001, pg .
Após ter fundado São Vicente, Martim Afonso estabeleceu
próximo ao rio Itanhaém a segunda povoação de sua capitania, chamada São João
Batista, habitada por colonos e índios. Além do rio, o termo Itanhaém (do tupi
pedra que canta) também era usado para denominar o trecho do território entre
São Vicente e o Morro do Guareú (atual Guaraú, Peruíbe). Nessa época,
viviam na região de Itanhaém, Bertioga e Cananéia, os índios Tupiniquins. O
povoado recebeu vários colonos de São Vicente que fugiam da luta contra os
tamoios.
"Garantindo a relação com os Tupis no litoral, a
região de Itanhaém começou a ser povoada já na década de 1540".³
Foi
elevada a categoria de Vila N. S. da Conceição no ano de 1561.
“Martim
Afonso de Sousa e seu comandante de esquadra Pedro Martins Namorado,
estabeleceram os fundamentos da povoação de Itanhaém entre os rios Itanhaém e
Peruíbe, cujas terras eram exploradas por Pêro Corrêa, um bárbaro e sagaz
português traficante de escravos através do Porto das Naus, hoje bairro do
Japuí (São Vicente-SP), o que lhe valeu a alcunha de traficante do Japuí, até o
local hoje conhecido como Aldeia Velha ou Aldeia de São João Batista”. 4
No
século XVI, a colonização portuguesa do sul ficou restrita à parte da costa
compreendida entre a Barra da Bertioga e a Ilha de Cananéia. Os
aldeamentos foram de grande importância para os colonizadores portugueses. A
partir deles, conseguiram criar um relacionamento, mesmo que instável, com os
indígenas. Isso assegurou a sobrevivência dos europeus, através da incorporação
de numerosos grupos indígenas ao serviço de defesa contra outras tribos mais
ofensivas e outros grupos de colonizadores. Além disso, foram impostas aos
indígenas as leis, costumes, vestimentas e religião oficiais dos portugueses.
Foram criados assim, aldeamentos cristãos ou aldeias católicas, comandadas por
padres que eram responsáveis não apenas pela vida religiosa, mas pela vida da
aldeia em geral.
Os
aldeamentos foram uma iniciativa dos jesuítas, os responsáveis pela
catequização e “domesticação” de grande parte dos índios que viviam desde a
costa nordeste do Brasil até as praias da capitania de São Vicente. Não foram
os primeiros representantes da igreja católica a chegarem ao Brasil, já
existiam franciscanos no território desde o descobrimento. Eles chegaram ao
Brasil 29 de março de 1549, na expedição de Tomé de Souza (primeiro governador
geral do Brasil), tendo como Superior o padre Manuel da Nóbrega. Foram expulsos
no ano de 1759. Foram contra a exploração das tribos indígenas, mas ao mesmo
tempo, foram responsáveis por corromper grande parte da cultura das mesmas,
devido a sua cristianização.
“Embora
a missão dos jesuítas fosse principalmente a catequese dos habitantes das novas
terras, a obra que realizaram foi muito extensa, assentando as bases de uma
nova nação, sobretudo por meio da atividade educativa”. 5
3 TRINDADE, Jaelson Bitran. A
Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 15.
4 Ernesto Zwarg Jr.
5 MOURA, Laércio Dias de. A
Educação Católica no Brasil, pg 23.
Destacam-se entre eles o padre José de Anchieta (chegou
ao Brasil apenas em 1553), um dos responsáveis pela fundação da cidade de São
Paulo, e o padre Leonardo Nunes o “Abarebebê”, responsável pela fundação do
primeiro colégio na capitania de São Vicente, segunda escola a ser criada no
Brasil. Este último morreu no ano de 1554, após um naufrágio.
Nesses aldeamentos, as capelas eram localizadas de
maneira estrategicamente defensiva, na parte mais alta do terreno. Muitos
deles não possuíam grandes igrejas, mas sim pequenas ermidas (capelas)
construídas de maneira simples. Na pesquisa de Trindade (1992) podemos
encontrar uma citação do frei Gaspar da Madre de Deus, cronista do século
dezoito, natural de Santos - SP:
"os aldeamentos cristãos, nos seus primeiros tempos,
não tinham igreja de verdade. Eram de madeira e palha de pindova, feitas ao
modo indígena. Tanto a igreja como a casa dos índios. As casas
permaneciam as grandes ocas ou malocas, as mesmas que aparecem nas conhecidas
gravuras do século XVI, que ilustram da viajem do alemão Hans Staden pelo
litoral norte e sul da capitania de São Vicente: a forma retangular e a
cobertura em abóboda de berço". 6
Os índios batizados eram enterrados dentro da
própria igreja, com direito a rituais tradicionais dos católicos. Os não
batizados eram enterrados externamente, mas ainda em áreas consideradas sacras,
como o adro.
Nos aldeamentos existiam várias atividades culturais,
como a produção cerâmica, danças, representações teatrais, procissões solenes e
algumas festas, que também ocorriam fora da igreja. Uma das mais populares era
a festa de São João.
6 TRINDADE, Jaelson
Bitran. A Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 9.
3 - Cronologia
dos acontecimentos na aldeia de São João Batista 7
Segundo a pesquisa histórica realizada
por Jaelson Trindade (1992) com base em documentos primários e secundários,
mais as informações encontradas nos painéis das ruínas, sugere-se uma
cronologia de ocupação do sítio arqueológico.
1530 - Fundação do povoamento de São Vicente.
1532 - Elevação do povoamento de São Vicente à vila
(subordinada a São Vicente anteriormente).
Entre 1549 a 1554 - Possível construção de uma ermida
pelo padre Leonardo Nunes, para a catequização e batismo dos índios locais e os
colonos a serviço de Pedro Correia.
1557/58 - Ajuntamento de tribos Tupi na Vila de Itanhaém.
1585/1630 - Comércio marítimo Portugal - Bahia - Rio de
Janeiro - Buenos Aires.
1616 - O Governo de Capitania do Rio de Janeiro solicita
a criação de aldeias na costa abaixo de Itanhaém.
1640/80 - Surto de mineração de ouro de lavagem entre
Iguape e Paranaguá. Os portugueses povoam o São Francisco, a Ilha de Santa
Catarina, Laguna e Sacramento no rio da Prata.
1654 - Chegada de Franciscanos ao Convento de Nossa
Senhora da Conceição.
1660 - Vasco da Mota recebeu a Patente de Capitão da
“Aldeia de São João da Villa da Conceição”
1673 – Pedro de Laguarda foi nomeado Capitão e
administrador da “Aldeia da Capitania de Nossa Senhora da Conceição de
Itanhaém”. Na carta de nomeação, Affonso furtado de Castro do Rio de Mendonça,
escreve que Laguarda deve ajuntar e reconduzir a aldeia “todos os Índios que
estiverem espalhados por casa de moradores.
1686 - Construção de uma ermida: Ermida de São João
Batista de Itanhaém.
1692 - A aldeia de São João da Vila de Itanhaém é
entregue aos franciscanos pelo governador da Capitania de Itanhaém Garcia
Lumbria. Em 16 de novembro foi realizado um censo, ficando registrados 119
indígenas no aldeamento e mais 10 dispersos. Naquela ocasião a igreja continha
três imagens: São João, Nossa Senhora da Assunção e Santa Luzia, além de
algumas alfaias (paramentos e adornos).
1698 - Posse efetiva dos franciscanos.
1714 - Em 16 de abril os franciscanos foram despojados da
administração do aldeamento. Em 02 de junho o Juiz obriga a Câmara a entregar o
aldeamento aos franciscanos.
1745 - Regimento da Província Franciscana de Nossa
Senhora da Conceição.
1755 - (por volta de 1755) Fundação (transferência) da
Aldeia de São João por um padre Franciscano.
1761 - Em virtude de a igreja estar em ruínas, suas
imagens são transferidas para a matriz de Itanhaém.
1765 - (após 1765) Construção de uma igreja em
pedra.
1776 - O Brigadeiro José custódio de Sá e Faria tem passagem
pela aldeia de São João Batista e faz um desenho da igreja.
1803 - Saída dos Franciscanos.
1829 - A aldeia de São João não possui condições para ser
elevada à vila.
1831 - É extinta a freguesia da Aldeia de São João.
1835/36 - As terras que anteriormente foram entregues aos
Franciscanos são retomadas pelo Conselho Municipal.
1889 - Transferência de famílias destituídas de terras
para as margens do rio Mambú-Mirim.
1991 - É dado início os trabalhos de escavações
arqueológicas sob a orientação científica do arqueólogo Paulo Tadeu de Souza
Albuquerque e coordenação geral da Profa. Dorath P. Uchôa. Trindade, 1992
7 Cronologia baseada na
publicação Revista Leopoldianum, Revista de estudos e educação da Universidade
Católica de Santos. Editora Universitária, UNISANTOS. Ano 25, nº 70. São Paulo,
dezembro de 1999 e na obra de Jaelson Bitran Trindade, A Aldeia de São João
Batista de Peruíbe, 1992.
Durante
os 28 km entre Itanhaém e o final da praia de Peruíbe encontra-se o outeiro
onde estão as ruínas da igreja da aldeia de São João Batista. Tanto o
aldeamento e a igreja são datados do século XVIII. As "Ruínas do Abarebebê"
são vestígios da construção dessa igreja franciscana. Os franciscanos na
maioria das vezes são excluídos da história das ruínas, como se apenas os jesuítas
tivessem importância. Sem contar que foram os representantes religiosos que
mais residiram na aldeia junto aos índios. As informações divulgadas por
Benedito Calixto (1853-1927) junto com suas pinturas intituladas "Ruínas
do Abarebebê" (1905-1910) reforçam além do necessário a importância dos
jesuítas.
O
nome Abarebebê significa padre voador, apelido dado pelos índios ao padre jesuíta
Leonardo Nunes, devido à grande habilidade de se locomover a grandes distâncias
em um curto espaço de tempo. Não existem dúvidas do papel de Leonardo Nunes
para com a educação e catequização dos índios da região, desde São Vicente até
Peruíbe.
O
padre Leonardo Nunes possivelmente foi responsável pela construção de uma
ermida, que atendia aos índios e colonos a mando de Pedro Correia, residentes
na região conhecida como Tapirema.
“Quando Pero
Correia obtém, em 1542, terras na região de Itanhaém, onde hoje é Peruíbe, ele,
um feroz escravizador de Carijó, afirma simplesmente que quer sua posse onde
estão os índios Peruíbe. Peruíbe é o nome do grupo indígena, nome pelo qual era
chamada a aldeia. Peruíbe, dizem significar cação bravo ou cação ruim”.9
Nessa ermida eram
realizados casamentos, catequese e batismos dessas pessoas. Existem poucas evidências
que compravam que o padre Leonardo Nunes realmente tenha sido o responsável
pela construção da capela, mas essa ideia é aceitável, já que Pedro Correia, o
dono das terras em Peruíbe, é convertido por ele ao cristianismo.
Pedro Correia doa
todos os seus bens a Companhia de Jesus após a sua conversão, mas é morto pelos
índios no ano de 1554. Morre também, nesse ano, Leonardo Nunes. Logo, os jesuítas
exerceram curto tempo de influência religiosa no local. Provavelmente, os
habitantes foram transferidos por volta de 1563, para a Vila da Conceição de
Itanhaém, formando aldeias, entre elas a que viria a ser chamada de São João
Batista.
Essa antiga aldeia de
São João Batista, situava-se aproximadamente a 6 km ao norte da Vila da Conceição
de Itanhaém.
A aldeia de São João
Batista já teve três assentamentos diferentes. No ano de 1584, o padre jesuíta
José da Anchieta se encontra na Bahia e escreve uma carta dizendo:
8 TRINDADE, Jaelson
Bitran. A Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 4.
9 TRINDADE, Jaelson
Bitran. A Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 15.
Hipótese de
localização da antiga aldeia de São João Batista.
“Ao
longo da praia, na terra firme, nove ou dez léguas da vila de S. Vicente para o
Sul, tem uma vila chamada Itanhaém de Portugueses e junto dela, da outra banda
do rio como uma légua, tem duas aldeias pequenas de índios cristãos. Nesta vila
tem uma igreja de pedra e cal, na qual, quando se reedificou, o Administrador
deitou a primeira pedra com toda a solenidade: é da Conceição de Nossa Senhora,
onde de toda a capitania vão em romaria e a ter novenas, e fazem-se nela
milagres”. 10
Esse
trecho da carta descreve a passagem de Anchieta pela vila de Itanhaém, onde
existiam duas aldeias. A igreja de pedra e cal relatada é a da Nossa Senhora da
Conceição e situa-se atualmente em Itanhaém. Em 1654 a igreja é doada aos
franciscanos.
Os
franciscanos, ou Frade Menores “subdivisão da ordem dos franciscanos, fundada
em 1208 por São Francisco de Assis, estava em Portugal desde 1217 e, antes de
chegarem ao Brasil, já haviam levado a palavra de Deus à África e à China”. 11
Assim
como os jesuítas, tiveram importante papel na construção de edifícios
religiosos e na catequização dos índios brasileiros. Além disso, foram os
primeiros representantes da igreja católica a chegarem ao Brasil, (os jesuítas
só vieram em 1549) junto com a esquadra de Pedro Álvares Cabral em 1500. Foram
os responsáveis por realizar a primeira missa em território brasileiro e
seguiram em viajem com Cabral para as Índias.
10 ANCHIETA, Joseph de.
Cartas Jesuíticas III, 1584, pg. 320.
11 MOURA, Laércio Dias
de. A Educação Católica no Brasil, 2000, pg. 20.
Ocorreram outras vindas dos
franciscanos ao Brasil no ano de 1503, 1505 e no ano de 1532, junto com Martim
Afonso, realizaram o primeiro culto divino em São Vicente e levantaram uma
capela em honra de Santo Antônio.
De acordo com frei Basílio Rower em
uma memória de 1714, o segundo assentamento da aldeia ficava a duas léguas (12
km) da vila de Itanhaém e a 6 km ao sul do primeiro assentamento.
"A aldeia "da
Conceição", sob a invocação de São João Batista, nunca foi um
estabelecimento criado e administrado pelos padres jesuítas, ao que se sabe
graças aos estudos do padre jesuíta Serafim Leite. Aliás, um documento do
Arquivo da Mitra do Rio de Janeiro, arrolando diversas igrejas e capelas
paulista, em 1686, diz que a ermida de São João Batista de Itanhaém foi fundada
pelos índios. a Câmara de Itanhaém informa, em 1711 que foi ela quem sempre
administrou a aldeia da vila. O modo como se refere o padre José de Anchieta à
aldeia "da conceição", em carta datada de 1584, reforça a ideia de
que ali não foi estabelecimento jesuítico: em Itanhaém, diz Anchieta.
"Da
outra banda do rio, como uma légua (6 km) tem duas aldeias pequenas de índios
cristãos". Essa uma légua indica a região banhada pelo rio Guáu, que deságua
no rio Itanhaém já com o nome de rio do Poço (poço de Anchieta). Era realmente,
uma aldeia de administração secular. Estava sob as ordens da Câmara de
Vereadores". 12
A ermida construída no ano de 1686
situava-se ainda nesse segundo assentamento da aldeia. No ano de 1692,
foi determinado por uma ordem Régia que mais nenhuma aldeia fosse administrada
por seculares. As aldeias passaram a ser governadas por franciscanos,
beneditinos e carmelitas. A partir desse ano, passaram a residir na aldeia um
superior e dois companheiros religiosos. Os franciscanos só assumiram no ano de
1698. Durante a administração dos franciscanos na aldeia de São João, existiram
várias intenções de transferi-la para a colônia que estava sendo formada na
ilha de Santa Catarina, por motivos estratégicos, que iriam favorecer o
comércio dos portugueses no Rio da Prata, além de reforçar a defesa e mão de
obra a serviço dos governantes.
Segundo Trindade, existem três
informações básicas que comprovam a intenção de transferência da aldeia e ao
mesmo tempo, nos fornece importantes dados sobre a mesma:
"A primeira delas é de 1742. É uma informação do Brigadeiro José da Silva
Paes, responsável pela defesa da ilha de Santa Catarina, subordinada ao governo
do rio Rio de Janeiro. Diz ele que "na praça da Conceição, que fica entre
a vila de santos e a de Paranaguá" se acha "uma aldeia de muitos
casais de índios da terra, a que chamam de São João de Itanhaém, do distrito do
governo de São Paulo, administrada por dois religiosos capuchinhos, não tendo
ali terras bastantes para lavrar e nem em que se ocupem". Silva Paes
pretendia que se mudasse a Aldeia de São João para a Ilha de Santa Catarina,
erguendo-se ali, junto a ela, um hospício de religiosos franciscanos (...)
"Em 1746, o Conselho de Ultramar expõe ao Rei uma nova representação de
Silva Paes, insistindo na ideia da instalação na Ilha de Santa Catarina de um
hospício de capuchos, sendo muito conveniente também que fosse junto "uma
aldeia de índios da terra que há no distrito da vila da Conceição, capitania de
São Paulo, a que chama Itanhaém da administração dos ditos padres por não terem
terras na paragem em que se acham que são uns brigais". 13
12 TRINDADE, Jaelson
Bitran. A Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 18.
13 TRINDADE, Jaelson
Bitran. A Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 24.
"Examinada
a representação em 1748, não houve determinação expressa do Rei a respeito. Um
outro documento, o terceiro, informa sobre acontecimentos posteriores a 1748,
data do anterior. É uma carta datada de 1765, enviada ao Capitão General de São
Paulo (Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro - Coleção
Morgado Mateus). Seu autor, Frei Tomé Vieira, conta que há coisa de 10 anos
(por volta de 1755, portanto), havia fundado a Aldeia de São João - entenda-se
por fundar, fazer a Aldeia noutro local (...) "Ao explicar os motivos que
o levaram a mudar o local da aldeia, Frei Tomé fala das condições adversas do
sítio antes ocupado por ela: "Porque sendo Superior na aldeia de São João,
a qual estava em um lugar junto à praia: onde não havia pedra, barro e cal,
água capaz para se beber, e finalmente só areia, por cuja causa ajuntei das
odinárias, e terços do escaler (travessia do Guaraú) duzentos mil réis, com os
quais por via do Síndico (do convento e Itanhaém), comprei umas terras que
estavam Místicas com o dito lugar, pois ao menos tinha pedra, barro e água(...)
"Naquele lugar junto à praia "tinham como casa, um rancho, e por
igreja uma capela, a qual a metade era coberta de telha, e a outra de
palha". A carta de frei Tomé mostra que o Brigadeiro Silva Paes não
conseguiu o seu intento levar a aldeia para a ilha de Santa Catarina. Por outro
lado, ela é uma espécie de "carteira de identidade" das ruínas,
impropriamente chamadas de "Abarebebê". Foi ele, um frade
franciscano, quem a fundou ali, em meados do século XVIII: a igreja de pedra e
residência, hoje em Ruínas, foi erguida depois dessa "fundação". 14
A aldeia foi transferida para outro local, por volta do ano de 1755, seu último
assentamento, finalmente o local onde atualmente se encontram as ruínas.
Ocorreu uma consolidação dos aldeamentos indígenas no ano de 1755, quando o rei
de Portugal D. José I, através de seu ministro Marques de Pombal, impôs o
regime de Diretório, que passou a assegurar uma maior “liberdade” aos índios.
As vilas ou aldeias passaram a ter uma escola, com um mestre para os meninos e
outro para as meninas e o único idioma que poderia ser usado era o português. A
nudez foi proibida, bem como as habitações coletivas. A mestiçagem foi
estimulada. A intenção era a integração do índio a sociedade, mas resultou na extinção
quase completa do que tinha restado da cultura já corrompida dos índios
brasileiros.
“Antônio
Ribeiro dos Santos, um dos colaboradores mais próximos do Marques de Pombal,
sintetiza assim a complexidade de sua atuação: “Pombal quis civilizar a nação e
ao mesmo tempo escravizá-la. Quis defender a luz das ciências filosóficas e ao
mesmo tempo elevar o poder real do despotismo”. 15
Devido a essa nova lei, os religiosos perdem muito do seu poder e de suas
funções, passando a serem responsáveis apenas pelos assuntos de fé e moral.
Também se deve ao Marques de Pombal a expulsão dos jesuítas em 1759.
Existiu
uma ermida, construída anteriormente no mesmo local onde hoje se situa a igreja
em ruínas. Foi construída com técnicas e materiais mais primitivos. No ano de
1761, Benedito Calixto afirma que as imagens da capela de São João Batista
foram transportadas em procissão para a igreja matriz de Itanhaém, devido à
capela estar em ruínas. Esse relato comprova a hipótese de que a igreja foi
construída em duas etapas. Após essa data, mais aproximadamente em 1765, é
construída como prolongamento dessa capela, a igreja que hoje se encontra em
ruínas.
14 TRINDADE,
Jaelson Bitran. A Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 24.
15 MOURA,
Laércio Dias de. A Educação Católica no Brasil, 2000, pg 63.
Reprodução dos
desenhos feitos pelo Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria em 1776.
Foi construída a custo de trabalho indígena e frei Tomé reclama que eles
relutaram em fazer essa nova igreja. Suas paredes foram construídas de pedra e
cal, mais especificamente pedras miúdas. Os materiais presentes na composição
da argamassa eram terra, areia e conchas moídas. As paredes eram levantadas por
armações de madeira (taipal), deixando orifícios na alvenaria chamados cabodás
“vãos sequenciais presentes nas paredes da nave central, que serviam para
travar as pranchas de madeira, que direcionavam e aprumavam a parede de pedra”.
16 Essa técnica foi muito usada no litoral paulista.
Situava-se na parte
mais alta do aldeamento. Era formada por coro, torre sineira, batistério, nave
central, capela mor e sacristia. Além disso, existia um corredor que dava
acesso a um cômodo lateral, que servia de hospedaria, mais um anexo.
Externamente, no seu conjunto, existia um adro e uma escadaria que dava acesso
à igreja. Após a escadaria, existia um alpendre sustentado por quatro colunas
que cobria a entrada do edifício. Na parte mais baixa existia um cruzeiro.
É impossível que as ruínas correspondam completamente a uma igreja construída
sobre responsabilidade do padre Leonardo Nunes no século XVI. Mesmo que a
antiga capela tenha sido construída nessa época, se encontrava em ruínas no
século XVIII. No ano de 1776, o Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria realiza
um percurso desde Santos a Paranaguá e deixa registrada em seu diário, sua
passagem pela praia de Peruíbe. Esteve na aldeia de São João e fez alguns
desenhos, entre eles um simples esboço da aldeia.
16 SOUZA, Ricardo Avila de. Projeto Ruínas do Abarebebê, 1993/94 s/pg.
Benedito Calixto - Ruínas
do Abarebebê - 1910 -
http://www.jureia.com.br/mostramateria.asp?idmateria=298 - acessado em
15/03/2012 as 19:34.
“No
último quarto do século XVIII, a aldeia de Peruíbe passa a ter uma produção
para comércio, de chapéus de palha, esteiras e fios de tucum. E estão em
permanente disputa com os religiosos sobre o quanto de seus proventos devem ser
deixados à igreja. No início do século XIX, já havia alguns fazendeiros
dominando a produção e o comércio, de chapéus, esteiras e fios”. 17
Em 1803 os franciscanos abandonam a
aldeia de São João, levando vários equipamentos usados pelos índios, como
carros de bois e ferramentas. A aldeia passou a ser chamada de freguesia, o comércio
não prosperou e os índios empobreceram mais ainda. Mantiveram o usufruto da
terra. Em 1829 a aldeia estava totalmente abandonada, sem igreja, sem Vigário e
sem fregueses. A freguesia da aldeia foi extinta no ano de 1831. Em 1835 a Câmara
Municipal de Itanhaém desejava obter para si as terras da aldeia, posse
realizada oficialmente apenas no ano de 1856. E em 1889, as famílias foram
transferidas para umas terras à margem do rio Mambú-mirim em Itanhaém. A
pintura de Benedito Calixto é um importante registro do estado da igreja no
começo do século XX. Através dela, nota-se o quanto as ruínas cederam nos últimos
cem anos, além de detalhes construtivos, como a base de uma coluna, representação
do piso original na capela-mor, existência de aberturas na parede ao lado do
corredor para iluminação da nave (comprovando a hipótese de que o corredor era
descoberto), os orifícios logo na entrada da nave, acima da porta, onde se
apoiavam as estruturas que sustentavam o coro, e acima do batistério, uma
abertura que dava acesso à sineira.
17 TRINDADE, Jaelson Bitran. A
Aldeia de São João Batista de Peruíbe, 1992, pg. 27.
4 - Estudos feitos pela
Usp/MAE - Histórico das pesquisas 18
1983 - O último
desmoronamento de proporção ocorreu nas fortes chuvas caídas na primeira semana
de março de 1983; quando ruiu mais da metade superior da parede esquerda da
nave (lado epístola), que tivera até então sua altura original. No segundo
semestre o CONDEPHAAT executou serviços de consolidação de primeira urgência.
(CEPAM, Arq. José Maria Whitaker de Assumpção. 1985).
1983 - As chuvas e
ventos constantes ao longo dos tempos provocaram por "processo de
lavagem" a retirada da embrechadura (encunhamento) de pedras menores
(cangicado) que preenchiam os vazios irregulares entre os blocos de pedra no
lado externo da parede. A estabilidade da parte que desabou já estava
comprometida por desgaste natural (fadiga), infiltração de águas pluviais,
desagregação da argamassa de assentamento e proliferação de vegetais cujas raízes
provocaram fissuras ao longo das juntas ( Mori, Victor H., "Consolidação
das Ruínas do Abarebebê", relatório CONDEPHAAT.)
1984 - Ano do
tombamento das Ruínas do Abarebebê pelo CONDEPHAAT.
1985 - O deputado
Rubens Lara encaminha ao Governador do Estado uma correspondência solicitando
providências para "proteção policial e restauração arqueológica das Ruínas
do Abarebebê". (Assembleia Legislativa, Dep. Rubens Lara, Fls. 03, sessão
10/10/85, indicação nº 3348).
1986 - O sítio,
construído na face norte, em elevação suave no sopé do morro encontra-se quase
que totalmente arrasado por ação antrópica, cujas conchas devem ter servido de
matéria prima para a construção da Igreja de São João Batista, contando com 70
metros de eixo maior aproximadamente e sua vegetação é de gramínea,
apresentando um trecho cultivado (plantio de rosas). (Uchôa, Dorath P., Parecer de 19/5/1986,
CONDEPHAAT).
1987 - Retornamos a
Peruíbe, em companhia do Dr. José Maria Whitaker de Assumpção, da Fundação
Faria Lima (CEPAM) e da Profa. Doutora Marília Carvalho de Mello Alvim, Titular
da UFRJ (Museu Nacional) e UERJ (Depto. Ciências Sociais), quando procedemos à
nova vistoria e prospecções com sondagens, coleta de materiais arqueológicos de
superfície e de sedimentos e execução de farta documentação fotográfica das
"ruínas" e seu entorno. (Uchôa, Dorath P., Parecer de 12/01/1987,
CONDEPHAAT).
1987 - Trata da
vistoria realizada em outubro de 1987: "Registramos a destruição gradativa
das "ruínas" por parte dos visitantes (locais e dos turistas),
cabendo a responsabilidade dessa ocorrência àquele município, por não programar
as visitas e não manter guardas para fiscalizá-las." (Uchôa, Dorath P.,
Parecer 08/02/1988, CONDEPHAAT).
1988 - "Projeto
de Pesquisas Arqueológicas de Peruíbe, Litoral Sul do Estado de São Paulo"
Coordenação: Profa. Dra. Dorath Pinto Uchôa e Gabriela Martin Ávila. São Paulo,
8 de fevereiro de 1988.
1990 - Sítios arqueológicos
constituem patrimônio cultural do Município e são áreas de proteção permanente
como as Ruínas do Abarebebê e o caminho do Imperador. (Lei orgânica do Município
de Peruíbe, São Paulo. 1990).
1991 - É dado início
os trabalhos de escavações arqueológicas sob a orientação científica do arqueólogo
Paulo Tadeu de Souza Albuquerque e coordenação geral da Profa. Dorath P. Uchôa.
Foram realizadas duas campanhas: maio e outubro, onde se verificou que a
construção da Igreja de São João Batista se deu em duas fases: a 1º relativa à
capela primitiva e a 2º a igreja propriamente dita.
1993 - Dezembro -
Trabalhos de escavação, 5º etapa de campo no sítio arqueológico “Ruínas do
Abarebebê”, no período de 02 a 09/12.
1994 - Fevereiro -
Trabalhos de escavação, 6º etapa de campo no sítio arqueológico “Ruínas do
Abarebebê”, no período de 14/01 a 09/02.
18 UCHÔA, Dorath Pinto
et MARTIN, Gabriela. Projeto de pesquisas arqueológicas de Peruíbe, 1988.
5 - Pesquisas Arqueológicas:
“As Ruínas do
Abarebebê, em Peruíbe, SP, ocupam uma área, que apresenta o testemunho de ocupação
humana em diferentes épocas:
- grupos pré-históricos,
possivelmente contemporâneos dos construtores dos sambaquis mais recentes.
- grupos ceramistas,
que se diferenciavam dos anteriores por praticarem uma agricultura de subsistência,
além de conhecerem a técnica da cerâmica.
- portugueses responsáveis
pela fundação da Aldeia de São João Batista”. 19
Desde
o ano de 1991, Peruíbe faz parte de um projeto de pesquisa multidisciplinar,
criado pelo MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia da USP) na década de 1980,
que busca estudar o homem do litoral paulista desde a pré-história aos dias
atuais. As ruínas foram tombadas pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo) em 1984. Os
trabalhos de preservação das ruínas e seu entorno foram iniciados também no ano
de 1991 e foram coordenados pela arqueóloga Dorath P. Uchôa e pela arqueóloga
Margarida D. Andreatta com a participação de técnicos do CONDEPHAAT e do DPH e
se constituirão de escavações arqueológicas, tanto da ocupação pré-histórica
como da consolidação dos remanescentes da Igreja, formando um conjunto, que
valorizou e enriqueceu o patrimônio cultural da cidade de Peruíbe.
“Durante a escavação
em 1993, foram encontrados vários tipos de materiais, entre eles restos humanos
e restos alimentares de origem animal. Fazem parte da cultura material
resgatada, metais ferrosos, (cravos em precário estado de conservação)
fragmentos de cerâmica e faianças, materiais construtivos como telhas, tijolos
fragmentados. Foram encontrados restos humanos na nave central, atribuídos ao
enterramento de crianças de faixas etárias variadas e cujos crânios estavam em
sedimento arenoso”. 20
Com
a evolução das pesquisas, surge a necessidade de formular um projeto cultural
dentro do próprio sítio arqueológico. O arquiteto Paulo de Mello Bastos projeta
um centro de pesquisas para a divulgação do conhecimento ali existente, mais
uma praça para observação astronômica. Deste complexo, apenas a praça foi
construída.
Além das todas as
escavações e pesquisas realizadas, foi feito um trabalho de consolidação das próprias
ruínas, que estavam em estado crítico. Antes da intervenção, um dos pontos que
causavam maior preocupação era o batistério, onde existia uma grande rachadura
vertical, que atualmente se encontra consolidada. Os fatores naturais eram culpados
de causar a maior parte da degradação das ruínas. Fortes chuvas causaram o
deslizamento de grande parte das estruturas originais, além de tirar todo o
revestimento de argamassa das paredes. Sem esse revestimento as pedras menores
vão aos poucos se soltando e criando vãos que proporcionam o deslizamento das
pedras maiores. Muitas das pedras encontradas na nave e ao redor da igreja
foram recolocadas nas paredes, completando sua volumetria. Foi retirada toda a
vegetação que com o tempo se fixou nas ruínas. O preenchimento de vazios
superficiais e fendas nas paredes foram feitas com pedras originais com tamanho
e tipo de assentamento distintos do restante. E por último, proposto por estudo
realizado no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo, IPT,
foi construído um muro de gabiões na lateral esquerda da igreja, para conter
futuros deslizamentos. Para a execução foram escolhidas pedras de qualidade
bastante diferenciada em relação às originais e estudados níveis e perfis
compatíveis volumetricamente com as ruínas. Esse muro é facilmente notado como
intervenção, mas ao mesmo tempo não cria um contraste com o antigo edifício.
19 Uchôa, 1987.
20 ASSUMPÇÃO, José
Maria de. Súmula do Documento: Cepam. 1985.
6 - Analise Arquitetônica
A ordem dos
franciscanos exerceu grande influência na arquitetura religiosa do estado de São
Paulo. As construções jesuíticas do litoral estão em péssimo estado de conservação
ou desapareceram completamente. Muitas delas sofreram alterações por outras
ordens religiosas. Mas já é possível encontrar construções franciscanas em
melhor estado de conservação. Algumas das características levantadas por Frade
das igrejas projetadas pelos franciscanos:
“a fachada do frontão
baixo é precedida de um alpendre, enquanto o campanário se situa recuado, no
lado da epístola. O pórtico aberto na obra (galilé) ou fora dela (alpendre) é
uma de suas características mais marcantes. A utilização do alpendre foi muito
disseminada nas capelas rurais, sendo usada pelos franciscanos desde o século
XVIII. Também se supõe que os materiais empregados nas construções franciscanas
eram bem mais variados do que nas construções das outras ordens (...)
Normalmente, os franciscanos nesse período, começavam pela moradia dos frades e
só depois se pensava na capela-mor da igreja. Geralmente, esta era de nave única,
terminada por uma capela-mor pouco profunda e mais estreita, com dois
corredores margeando-a. Esses dois levam a uma grande sacristia localizada atrás
da igreja, na maioria das vezes colocada transversalmente, de forma a ocupar
toda a largura da nave central, de uma parede lateral a outra.” 21
A igreja da Nossa
Senhora da Conceição em Itanhaém possui semelhanças arquitetônicas com a igreja
de São João Batista. Foi a primeira construída nessa região e passou por várias
etapas construtivas. A primeira foi em 1532, construída ainda como uma ermida,
logo após a fundação da cidade. Foi dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Em
1563 foi construída a igreja e em 1654, foi doada aos franciscanos, que
chegaram oficialmente à vila de Itanhaém no mesmo ano.
21 FRADE, Gabriel. Livro
Arquitetura Sagrada no Brasil, 2007, pg 63.
Altar mor da igreja
N. S. da Conceição da Escada em Itanhaém. Autor da foto: Emílio Campi -
http://www.360cities.net/profile/emiliocampi?utm_source=google_earth&utm_medium=all_images
- Acessado em11/05/2012 as 10:21.
Nave e coro da igreja
N. S. da Conceição da Escada em Itanhaém. Autor da foto: Emílio Campi -
http://www.360cities.net/profile/emiliocampi?utm_source=google_earth&utm_medium=all_images
- Acessado em11/05/2012 as 10:51
Outra
igreja que possui semelhanças com igreja de São João Batista é a igreja Nossa
Senhora da Escada, em Guararema/SP, construída no ano de 1652 pelos jesuítas.
Mas essa igreja não possui torre sineira nem alpendre. Está anexada à residência
dos padres e possui um telhado de duas águas com um óculo no triângulo formado
pela empena. A residência prolonga a fachada, com três janelas na parte
superior e três portas sem alinhamento no térreo. Logo na entrada existe um
coro e na extensão da nave, existem dois altares junto ao arco da capela mor
ornados em entalhes e pinturas. O retábulo principal é todo em madeira com
apenas um nicho em arco pleno de pequena profundidade. Na parte posterior do
altar vê-se a estrutura em madeira pouco distante da parede, que fica junto à
taipa.
Igreja N. S. da
Escada em Guararema - fachada frontal.
http://historiavaledoparaiba.blogspot.com.br/2010/06/visita-as-cidades-de-guararema-santa.html
- acessado em 11/05/2012 as 16:20.
7 - Definição dos espaços que formavam a igreja de São
João Batista:
Nave: Correspondem à nave as partes laterais e a
parte central do corpo de uma igreja, desde a entrada até o cruzamento do coro
lateral. Por extensão leva até ao altar e o ambão, e nas laterais, acomodam os
fiéis e visa claramente separar o clero dos leigos. Tal separação não existia
nas igrejas cristãs primitivas. Seu espaço físico tem relação com o surgimento
das Basílicas romanas, que eram projetadas para abrigar um número maior de
pessoas. Existem igrejas com uma, três, cinco ou até mais naves. A igreja de
São João Batista é exemplo da tipologia de nave única com uma capela mor no
final de sua extensão.
Batistério: Lugar construído para abrigar a pia
batismal. Contém a água necessária para o rito de iniciação cristã. Segundo
Frade “Tem seu nome derivado da palavra grega baptizéin, que significa imergir,
afundar na água, daí batismo e batistério, já que inicialmente o rito do
batismo previa apenas a completa imersão do catecúmeno na água, com o
significado simbólico de regeneração, de nascer para uma nova vida em Cristo”. 22
A pia batismal foi retirada do seu lugar original por Benedito Calixto em 1908.
Pia Batismal da
igreja de São João Batista (atualmente). Desenho: Rafael Miranda
Detalhe do
batistério (atualmente). Desenho: Rafael Miranda
Capela: É
chamada de capela toda parte de uma igreja que possui um altar. De acordo com
Corona e Lemos “são espaços reentrantes onde estão situados os altares
colaterais. O local do altar-mor recebe o nome de capela-mor”.
Átrio:
“É o vestíbulo, pátio ou espaço que vai, nos palácios e grandes edifícios,
desde a entrada principal até a escadaria nobre de acesso ao pavimento
superior. É nome, também dado, às vezes, aos adros das igrejas”. Corona e
Lemos. Segundo Frade “tinha a finalidade de ser uma espécie de filtro, de
preparar o fiel para adentrar no recinto sagrado da igreja. Nele havia também
uma fonte de água para saciar os fiéis e ao mesmo tempo oferecer um lugar de
purificação, a fim de que eles pudessem lavar as mãos antes de receber a
comunhão”. 23
22 FRADE, Gabriel.
Livro Arquitetura Sagrada no Brasil, pg 167.
23 FRADE, Gabriel.
Livro Arquitetura Sagrada no Brasil, pg. 65.
Alpendre: É todo o
teto suspenso por colunas ou pilastras sobre portas ou vãos de acesso. Também é
chamado alpendre todo acesso abrigado. Tem origem nos abrigos fronteiros das
basílicas romanas. Certas festas religiosas e danças populares só eram
permitidas nos alpendres do adro.
Adro: Pátio ou espaço
aberto à frente de um templo ou uma igreja. Faz parte do adro, muitas vezes, o
alpendre, o nartex ou galilé, o cemitério e em algumas ocasiões externamente, o
batistério.
Detalhe
do adro - Atualmente. Autor do desenho: Rafael Miranda.
Ilustração das fachadas. Desenho: Rafael Miranda
Ilustração das fachadas. Desenho: Rafael Miranda
Ilustração das fachadas. Desenho: Rafael Miranda
Ilustração das fachadas. Desenho: Rafael Miranda
Ilustração das fachadas. Desenho: Rafael Miranda
Croqui da planta. Desenho: Rafael Miranda
Croqui da planta. Desenho: Rafael Miranda
Simulação da planta da igreja de São João Batista em 1776, feita a partir do levantamento e do desenho feito em 1776 por José Custódio de Sá e Faria.
Simulação da planta da igreja de São João Batista em 1776, feita a partir do levantamento e do desenho feito em 1776 por José Custódio de Sá e Faria.
Simulação eletrônica da igreja.
Simulação eletrônica da igreja.
Simulação eletrônica da igreja.
8 - Critérios de
intervenção
Qualquer projeto de intervenção ou
consolidação das ruínas deverá ser avaliado cuidadosamente, devido ao valor
histórico do edifício e o que ele representa para a comunidade local. Além
disso, o edifício foi criado para fins religiosos, agregando um carinho ainda
maior pelos moradores de Peruíbe. Algumas pessoas diriam que o edifício deveria
ser reconstruído da maneira como ele era no passado, o que seria impossível,
devido ao fato de estar em ruínas e devido à falta de informações e registros
arquitetônicos, que se resumem a reproduções de um desenho de 1776 do
Brigadeiro José custódio de Sá e Faria, pinturas de Benedito Calixto da igreja
já em ruínas e algumas fotos antigas. A reprodução da tipologia do edifício
iria criar um falso histórico.
Foram grandes os esforços dos
pesquisadores para a preservação do que sobrou da igreja, sendo que sem esses
estudos, possivelmente as ruínas estariam ainda mais degradadas ou nem
existiriam mais nos dias de hoje. Mas o grande problema é que mesmo com todos
esses estudos de preservação, ainda existem grandes problemas a serem
enfrentados, como a constante degradação das ruínas, tanto por fatores
naturais, quanto pelas pessoas, a falta de um uso mais especifico para o local,
a falta de estruturas básicas para a visitação, como iluminação,
acessibilidade, segurança e a falta de informações sobre o sítio. É necessária
uma intervenção não apenas pontual, mas sim uma intervenção que resolva todos
esses problemas e ainda traga benefícios para a cidade, que tem o turismo como
uma das principais atividades. Dar um novo uso ao edifício é a melhor maneira
de conservá-lo, criando motivos para sua visitação.
Com essa intervenção surgirá uma
relação entre novo e antigo, que deve ser harmônica, tanto por respeitar o edifício
já existente, quanto pela aceitação da comunidade e dos usuários. A proposta de
intervenção não deve criar um grande contraste, um choque visual, como acontece
em muitas intervenções atuais em edifícios de grande valor histórico, onde os
arquitetos não buscam uma contextualização. Mas ao mesmo tempo é necessário que
essa intervenção seja claramente diferenciada como algo contemporâneo, através
da tecnologia e dos materiais empregados.
Bibliografia
ANCHIETA, Joseph de.
Cartas Jesuíticas III. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do
Padre Joseph de Anchieta 1554/1594. Civilização Brasileira S.A. Rio de Janeiro
ASSUMPÇÃO, José Maria
de. Súmula do Documento: Cepam. 1985.
BURDEN, Ernest. Dicionário
Ilustrado da Arquitetura. Editora Bookman.
BURY, John. Arquitetura
e Arte no Brasil Colonial, Organização Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. São
Paulo: Editora Nobel, 1991.
CORONA E LEMOS. Dicionário
da Arquitetura Brasileira. Editora e Distribuidora Companhia das Artes, 1998.
DIVALTE, Garcia. Livro
História Geral, Série Novo Ensino Médio. São Paulo: Editora Ática, 2001.
FRADE, Gabriel. Livro
Arquitetura Sagrada no Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2007.
LEOPOLDIANUM, Revista.
Revista de estudos e educação da Universidade Católica de Santos. Editora
Universitária, UNISANTOS. Ano 25, nº 70. São Paulo, dezembro de 1999.
MOURA, Laércio Dias de.
A Educação Católica no Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2000.
RIBEIRO, Mônica Bárbara.
A Expansão Urbana de Peruíbe: Aspectos Legais do Uso e Ocupação da Terra. 2006.
SANTOS, Francisco
Martins dos. História de Santos. São Paulo: 2º edição, 1986.
SILMÃO, Azis. Estudo
sobre o desenvolvimento econômico e social de uma comunidade litorânea - 1958.
SOUZA, Ricardo Avila de.
Projeto Ruínas do Abarebebê, Bolsa de Inciação Científica, FAUUSP. São Paulo
1993/1994.
TRINDADE, Jaelson
Bitran. A Aldeia de São João Batista de Peruíbe. 1992.
UCHÔA, Dorath Pinto et
MARTIN, Gabriela. Projeto de pesquisas arqueológicas de Peruíbe, litoral sul do
estado de São Paulo. 1988.
Sites
http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/joao-luis-carrilho-da-graca-musealizacao-de-
04-05-2011.htm - acessado em
10/05/2012 as 21:04.
http://www.arcspace.com/architects/Tschumi/-
acessado em: 10/05/12 as 13:55.
http://www.archdaily.com/169836/update-ronchamp-chapel-renzo-piano/
- acessado em: 30/03/12 as 20:44.
http://arquitetopaulobastos.com.br/projeto.php?id=25
- acessado em: 22/05/12 as 15:13.
http://bocaderua.com.br/?p=2530
- acessado em: 08/05/12 as 19:22.
http://www.franciscanos.org.br/n/?page_id=780
acessado em: 07/03/12 as 07:17.
http://www.flickr.com/photos/wallyg/2572051350/
- acessado em: 30/03/12 as 21:31.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/897640-patrimonio-historico-esta-virando-mato-
em-peruibe-sp.shtml - acessado
em: 08/05/12 as 17:46.
http://historiavaledoparaiba.blogspot.com.br/2010/06/visita-as-cidades-de-guararema-
santa.html - acessado em
11/05/2012 as 16:20.
http://www.ibge.gov.br/home/ -
acessado em: 12/03/12 as 23:50.
http://www.itanhaem.sp.gov.br -
acessado em: 15/03/12 as 23:39.
http://www.itanhaem.sp.gov.br/turismo/cidade/analise_historica
2.html - acessado em: 15/03/12 as 09:22.
http://www.jureia.com.br/mostramateria.asp?idmateria=298
- acessado em 15/03/2012 as 19:34.
http://www.rpbw.com/ - acessado
em: 13/05/12 as 09:56.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f0/SaoPaulo_Municip_Peruibe.svg-
acessado em: 10/05/12 as 11:33.
http://www.visitphilly.com/history/philadelphia/franklin-court/
- acessado em: 21/05/12 as 09:20.
sempre bom saber saber sobre peruibe e a arquitetura vernacular
ResponderExcluirme salvou *-* vou conseguir usar bastante coisa daq para meu trabalho.
ResponderExcluirUm trabalho primoroso e de primeiríssima qualidade. Difícil a tarefa de acrescentar algo aí. Parabéns ao arq. Rafael Miranda pela tese e ao mestre Jaelson Britan Trindade pela pesquisa séria e impecável.Aliás, sobre o mestre, guardamos com carinho na nossa estante a sua obra de referência "Tropeiros". Infelizmente, quando da nossa pretensiosa publicação "Peruibe Documental"Ed. Scortecci, 2013,não tivemos acesso a esse trabalho, baldados todos os nossos esforços. Todavia, folgamos em saber que não distanciamos da verdade sobre essas ruínas e sua realidade franciscana. No mais, de 2014 até hoje, 2016, as "famosas ruínas" da nossa cidade de Peruíbe continuam se arruinando...
ResponderExcluirMeus mais efusivos parabéns. Henrique Natividade
Bom dia Henrique, fico muito feliz com seus elogios. Uma pena que as ruínas não recebam a atenção e cuidado necessários, ficando mais degradadas com o passar do tempo. Fiz esse trabalho em 2012, hoje os danos devem ser muito maiores pela falta de conservação. O Sr.é um historiador? Mora em Peruíbe?
ExcluirEu fico impressionado com a quantidade de fragmentos históricos que temos na faixa litorãnea de do Estado de São Paulo.
ResponderExcluirQuando tiverem um tempinho por favor visitem o blog abaixo...ok. Gostei muito do trabalho do blog de vocês.
http://museuarqueologicodafazendasantaana.blogspot.com.br/